Confiança da construção segue em declínio

Falta de mão de obra e aumento de custos influenciam as percepções do setor

O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 1,5 ponto em novembro, para 95,7 pontos, menor nível desde abril de 2024 (95,2 pontos). Na média móvel trimestral, o índice recuou 0,6 ponto.

Os dados são da Sondagem da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), com base em informações coletadas de 589 empresas, entre 1 e 22 de novembro. A pontuação vai de 0 a 200, denotando confiança ou otimismo a partir de 100.

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, em novembro, a cautela cedeu ao pessimismo: a confiança setorial desceu um degrau, distanciando-se do patamar que denota percepção otimista, seja em relação à situação corrente ou aos próximos meses.

“Esse movimento não representa enfraquecimento da atividade, que ainda segue forte refletindo o ciclo de negócios recentes – o indicador de Evolução Recente da Atividade tem se sustentado acima dos 100 pontos há cinco meses. Por trás da avaliação mais negativa do momento atual, estão as dificuldades com a falta de mão de obra qualificada e a consequente elevação dos custos, que estão afetando cada vez mais empresas. Mas a perspectiva de um cenário mais difícil nos próximos meses já reflete na piora das expectativas”, observou a economista.

Percepção mais cinzenta

A queda do ICST de novembro foi influenciada tanto pela piora da avaliação sobre o momento atual quanto pela piora das perspectivas para os próximos meses.

O Índice de Situação Atual (ISA-CST), um dos componentes do ICST, caiu 1,3 ponto, para 95,5 pontos, e o Índice de Expectativas (IE-CST), o outro componente, caiu 1,7 ponto, para 96,1 pontos, menor nível de junho de 2023 (95 pontos).

O resultado do ISA-CST foi influenciado exclusivamente pela queda do indicador de volume de carteira de contratos que recuou 3,5 pontos, para 94,1 pontos, enquanto o indicador de situação atual dos negócios avançou 0,9 ponto, para 96,8 pontos.

Pela ótica do IE-CST, os dois componentes recuaram: indicador de demanda prevista nos próximos três meses cedeu 1,9 ponto, atingindo 98,1 pontos, e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses diminuiu 1,5 ponto, chegando aos 94 pontos.

Escassez de mão de obra e custos

A dificuldade com a falta de trabalhadores qualificados alcançou em novembro um recorde no ano, com 33% de assinalações, atingindo patamar equivalente a maio de 2014, momento em que o setor começava a fechar um ciclo de crescimento. O recorde foi alcançado em maio de 2011 com 48,6% de assinalações no quesito.

Com o aumento dos problemas com a oferta de mão de obra, a remuneração tem aumentado e as dificuldades em relação ao custo da mão de obra estão se disseminado, atingindo também em novembro o pior resultado do ano.

Utilização da Capacidade

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção registrou queda de 0,7 ponto percentual (p.p.), para 79%.

Os Nucis de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos caíram 0,6 e 1,6 p.p., para 80,4% e 73,2%, respectivamente.

 

Fonte: Sinduscon-SP – Por Rafael Marko – 26/11/2024

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