A reforma da Previdência é considerada necessária para 43% dos brasileiros, segundo pesquisa Fenaprevi-Ipsos, divulgada ontem em São Paulo. Para 38% dos entrevistados, o sistema não precisa ser reformulado, e 19% não têm opinião formada.

A pesquisa também mostra que 49% acham que o tema deve ser tratado pelo novo governo federal. Já 33% das pessoas ouvidas tratam da reforma como algo que deve ficar fora da agenda.

"Queremos entender como a sociedade está vendo esse problema após mais de um ano de debates intensos. Fica evidente, pelos números, que agora os brasileiros estão divididos sobre o tema. Há 18 meses, pouca gente tinha ouvido falar desse assunto", afirma Edson Franco, presidente da Fenaprevi, que reúne 67 seguradoras e entidades abertas de previdência privada.

O Sul é a região com maior percentual de pessoas que veem necessidade de haver reforma (58%), seguido do Sudeste (46%), Nordeste (36%), Centro-Oeste (35%) e Norte (31%).

A aferição aponta que 75% atribuem o déficit da Previdência à corrupção no país, o que, segundo Franco, demonstra ainda alto grau de desinformação sobre o tema. "O desequilíbrio nas contas da Previdência é estrutural. Talvez aqui, a questão de corrupção esteja misturada com ideia de cobrar a conta dos maiores devedores. Mas grande parte desses devedores é de empresas de massa falida. Não tem como cobrar", ressalta.

Ele acrescenta que o problema da Previdência também não é o déficit de um ano, mas o somatório dos déficits futuros, uma projeção que está crescendo porque a população está envelhecendo. Apesar de quase metade dos pesquisados considerar que a reestruturação do sistema público deve ser feita, 51% acham o sistema atual sustentável e 28%, insustentável.

"Tudo isso ilustra o desafio de comunicação que existe. Erramos em algum ponto em comunicar, porque, dadas a questões demográficas da população, de envelhecimento e todas as projeções, muitos não entenderam as dificuldades do sistema. O gasto com previdência vai tirar recursos de áreas como saúde e outros setores estratégicos para crescimento", diz Franco.

Outro dado é que 51% dos brasileiros esperam se aposentar antes dos 65 anos de idade, dos quais 9%, com 50 anos ou menos; 11%, entre os 51 e 59 anos, e 28%, aos 60 anos de idade. Quanto maior o grau de instrução, maior a resistência em se aposentar aos 65. De acordo com a pesquisa, 19% dos
indivíduos com ensino fundamental 1 pretendem se aposentar nessa faixa de idade. O índice cai para 15% entre pessoas com fundamental 2, para 13%, para quem tem ensino médio completo e 9%, entre pessoas com nível superior.

Para 31%, a idade ideal para mulheres se aposentarem é 60 anos - 29% indicam 55 anos e 21% optam pelos 50 anos. Já os homens deveriam se aposentar aos 60 anos, para 47% dos entrevistados. Para 24%, a aposentadoria deveria ocorrer aos 65 anos, 10% apontaram 55 anos; 7%, 50 anos, e 5% não souberam responder.

Segundo a pesquisa, apenas 18% declaram ter alguma reserva. De acordo com a amostra, 20% pretendem guardar até 10% dos rendimentos; 11% estão dispostos a reservar entre 11% e 20%; e 7% guardariam entre 21% e 40% de suas receitas a fim de construir poupança para o futuro. O estudo ouviu 1.200 pessoas entre 16 e 60 anos ou mais, em 72 municípios em abril.

Fonte: Valor - Macroeconomia, por Leila Souza Lima, 13/06/2018