Entidade reduziu previsão em 1 ponto percentual
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou de 2,3% para 1,3% a projeção de crescimento do setor em 2025. Segundo a entidade, a retificação reflete os efeitos do ciclo prolongado de juros altos, que tem limitado o ritmo das atividades da construção.
“A queda se deu pelo menor desembolso da caderneta de poupança. Você mantém o FGTS em linha, a Faixa 1 (do Minha Casa Minha Vida) está em linha, o que caiu foram os investimentos da Poupança. O outro fator é varejo, que sofre mais diretamente com a questão dos juros”, afirmou o presidente da CBIC, Renato Correia, sobre a revisão.
A taxa de juros foi apontada como o principal obstáculo por empresários do setor pelo quarto trimestre seguido. Desde setembro de 2024, a Selic subiu de 10,5% para 15% ao ano. O Índice de Confiança da Indústria da Construção, calculado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela CBIC, ficou em 48 pontos, o menor nível desde 2020. A pontuação vai de 0 a 100, denotando confiança ou otimismo a partir de 50.
Expectativas para 2026
A CBIC projeta continuidade de crescimento em 2026. As mudanças nas regras do financiamento imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) podem ajudar a incrementar a atividade. A expectativa é que R$ 37 bilhões sejam injetados no crédito habitacional já no próximo ano.
As novidades devem trazer alívio para o setor. Entre janeiro e agosto, o SBPE financiou R$ 97,1 bilhões em crédito imobiliário, queda de 18% em relação ao mesmo período de 2024 (R$ 118,5 bilhões). Do total, R$ 83,8 bilhões foram destinados à aquisição de imóveis, volume 7% inferior ao registrado no ano anterior (R$ 90,1 bilhões).
Já o financiamento para construção recuou 53%, passando de R$ 28,4 bilhões para R$ 13,3 bilhões no mesmo intervalo. “Temos uma perspectiva positiva para 2026, porque tivemos no ano passado um recorde de lançamentos, que estão começando a virar obras neste ano e seguirão assim em 2026 e 2027. Nós somos um setor cíclico, temos obras que iniciam e que terminam, mas o nosso patamar de atividade continua elevado”, comentou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.
Fonte: Sinduscon-SP – Por Rafael Marko – 28/10/2025