Por que São Paulo quer mais prédios – e mais altos – na Faria Lima

A paisagem na região da avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos principais centros comerciais e financeiros do Brasil, localizada em São Paulo (SP), deverá ganhar novos prédios, ainda mais altos, que passarão a integrar o cenário corporativo dos edifícios espelhados na zona oeste da capital paulista.

A entrada de prédios mais altos na avenida é prevista a partir do leilão de Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) vinculados à Operação Urbana Consorciada Faria Lima (OUCFL), que a prefeitura de São Paulo espera realizar ainda no primeiro semestre deste ano. Os Cepacs são títulos mobiliários adquiridos por empresas interessadas em construir edificações acima do limite estabelecido no Plano Diretor para a região.

Há um estoque de aproximadamente 250 mil metros quadrados disponíveis, mas a prefeitura paulistana não deve levar todos esses títulos para o certame. O último leilão de Cepacs da Faria Lima ocorreu em 2021, quando 10,3 mil títulos foram comercializados por R$ 17,6 mil a unidade, movimentando mais de R$ 182 milhões. Em 2019, a R$ 6,5 mil por unidade, foram vendidos 93 mil títulos, com uma arrecadação total de R$ 1,6 bilhão.

A expectativa da prefeitura é superar 2019 e chegar próximo dos R$ 3 bilhões. Para isso, devem ser disponibilizados até 150 mil títulos. O valor ainda não foi definido, mas a perspectiva é que supere o praticado no leilão mais recente. A tendência, segundo fontes do mercado imobiliário, é que a unidade passe dos R$ 20 mil, podendo elevar o total arrecadado ao valor estimado pela administração municipal.

Leilão terá impactos para além da Faria Lima

O leilão é esperado pelo mercado há algum tempo, mas somente em julho do ano passado, com a lei municipal 18.175/2024, é que foi reaberta a possibilidade de compra dos Cepacs. Em março deste ano, a prefeitura publicou o Decreto 64.112/2025 com a regulamentação da nova lei da OUCFL, abrindo caminho para a SP Urbanismo estruturar o leilão que não se limita à Faria Lima, e que se expande a outras avenidas, como Pedroso de Moraes e Juscelino Kubitschek.

Esse mecanismo mudará não apenas a região da Faria Lima, como poderá ter impactos em outros bairros de São Paulo. Isso porque os recursos arrecadados com o leilão deverão ser revertidos pela SP Urbanismo em melhorias na mobilidade urbana, nos espaços públicos e no acesso à moradia para famílias de baixa renda.

Na lei aprovada em 2024, há uma lista de locais que deverão ser beneficiados com a venda dos títulos. Segundo a prefeitura, “o perímetro expandido da Operação Urbana, composto pelas favelas do Real Parque, Panorama, Paraisópolis, Jardim Colombo e Porto Seguro, deve receber, exclusivamente, investimentos em habitação social e melhoramentos urbanísticos, não sendo sujeitos a licenciamentos de novos empreendimentos privados.”

Nas operações anteriores, os Cepacs vendidos viabilizaram a construção do Conjunto Habitacional Real Parque (Etapas 1 e 2) e Coliseu, as obras dos túneis Max Feffer e Jornalista Fernando Vieira de Mello, a revitalização do Largo da Batata (Fases 1 e 2, incluindo o Terminal da Rua Capri), a implantação de ciclovias na Faria Lima e a ciclopassarela Jornalista Erika Sallum, o prolongamento da avenida Faria Lima até a avenida Hélio Pelegrino, rua Olimpíadas e rua Elvira Ferraz e o desenvolvimento de ações em transporte coletivo.

 

Fonte: ABECIP – Por Gazeta do Povo – 02/05/2025

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