Passado o auge da crise no Rio Grande do Sul, a indústria de materiais de construção local vem voltando às suas atividades no Estado e se prepara para atuar na retomada.
A TK Elevadores atende 13 países por meio de sua fábrica em Guaíba e tem escritório em Porto Alegre, ambos em áreas afetadas pela enchente. A empresa reduziu sua produção a 30% da capacidade por duas semanas, e a partir desta quinta-feira (23) retomou 90%. O escritório ainda está com o térreo alagado, e os funcionários trabalham de casa. Segundo o CEO da empresa para a América Latina, Paulo Manfroi, 241 colaboradores foram afetados em algum grau pelo desastre.
Na próxima semana, técnicos de manutenção da empresa de outros Estados chegam ao Rio Grande do Sul. “Com as águas baixando, temos grande volume de elevadores inundados e as pessoas precisam deles”, afirma. Entre os clientes da companhia está o Aeroporto Salgado Filho.
Houve fornecedores de insumos que foram afetados, mas a empresa já tinha uma política de não ter apenas um único fornecedor para determinado item – aprendizado da pandemia, diz o CEO – e a situação está controlada. As questões logísticas puderam ser contornadas com caminhos alternativos. O executivo espera retomar a capacidade normal da empresa em no máximo 60 dias. “Não vamos ter grandes impactos na operação, o maior impacto é com as pessoas”.
No mercado de habitação, o problema com a disponibilidade de insumos melhorou durante a semana, conta Weliton Costa, diretor regional Sul da Tenda. A área responde por 8% dos lançamentos da incorporadora.
O abastecimento de insumos atingiu 70% do normal, o que é suficiente para o momento, já que a empresa não está com a mão de obra completa. “Estamos com vagas em aberto”, afirma Costa, ressaltando que há um compromisso de não desligar funcionários, mas que alguns, vindos de outras áreas, preferiram sair de Porto Alegre. “O trauma é muito grande.”
Renato Correia, presidente da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), destaca a importância de usar a reconstrução do Estado para também reerguer a indústria local. “É preciso valorizar quem está lá precisando retomar atividades e na sequência entrar com apoios externos.”
Fonte: Valor Econômico – Empresa, por Ana Luiza Tieghi e Taís Hirata– São Paulo, 27/05/2024