A taxa de vacância de escritórios em São Paulo continua caindo. O terceiro trimestre foi encerrado com taxa de 19,3%, recuo de 0,5 ponto percentual e o menor valor em três anos, apontam dados da consultoria imobiliária CBRE. Considerando apenas os edifícios de alto padrão, denominados “triple A”, ou “AAA”, a taxa é de 17%, estável ante o último trimestre.
A absorção líquida, indicador que subtrai a área devolvida pelas empresas dos novos espaços que foram locados, ficou em 86 mil metros quadrados, 11% menos do que no segundo trimestre deste ano, mas alta de 50% ante o terceiro trimestre de 2023. No ano, essa diferença chega a 347 mil metros quadrados, o que representa 125% da absorção líquida em 2023.
A CBRE também divulgou estudo que relaciona o mercado de escritórios de São Paulo com o de outras 20 capitais do mundo.
A capital paulista foi a terceira em absorção líquida, na comparação proporcional ao tamanho do estoque de lajes corporativas em cada região. O período analisado vai do terceiro trimestre de 2023 até o segundo trimestre deste ano. Só perde para Tóquio e Pequim.
As capitais asiáticas se destacam, seguidas por centros latino-americanos — a lista também inclui a Cidade do México. Felipe Giuliano, diretor de locação e pesquisa da CBRE, afirma que as grandes cidades da Ásia tiveram a volta mais rápida ao escritório, após a pandemia, por um traço cultural e também porque há mais casas pequenas, o que dificulta um trabalho de casa com qualidade.
É a mesma razão para a volta rápida no Brasil. Capitais europeias e americanas só aparecem a partir da nona posição na absorção líquida, com Madri, na Espanha. “Um dos motivos [para a volta ao escritório] é que muitas pessoas não têm boa infraestrutura de internet em casa”, diz.
São Paulo vai para a última posição da fila quando o tema é preço em dólar por “pé quadrado” (medida americana). No terceiro trimestre, a média da cidade foi de R$ 170 por metro quadrado. Para Pedro Seixas Trani, gerente nacional de ocupantes da CBRE, é reflexo da desvalorização do real, mas pode ser uma oportunidade. “É atrativo para multinacionais, fica competitivo”.
Apesar de ter ficado em último lugar em preço, a cidade teve a quarta maior valorização entre as regiões analisadas. Trani analisa que o aumento maior ocorreu em áreas já muito valorizadas, como a Faria Lima.
São Paulo figura em oitavo lugar entre as cidades com mais entrega de novos escritórios. Giuliano destaca que as cinco primeiras cidades são asiáticas, encabeçadas por Xangai. Fora dessa região, Berlim e Amsterdã tiveram mais entregas que São Paulo.
Mesmo com o desempenho positivo, ele analisa que a cidade poderia ter muito mais entregas se tivesse menos restrições urbanísticas. Pelo Plano Diretor vigente, não é permitido construir em lotes superiores a 20 mil metros quadrados, o que inviabiliza novos grandes empreendimentos, que são atrativos para empresas maiores. “Isso atrapalha”, diz. “Uma grande empresa fica refém de grandes complexos da Zona Sul”, completa, fazendo referências a prédios com lajes maiores, que ficam na Chucri Zaidan, Berrini e Chácara Santo Antônio.
O volume de novas áreas tende a aumentar. Segundo ele, a média de entrega de escritórios em São Paulo foi de 200 mil metros quadrados por ano, de 2016 a 2023. Já de 2024 a 2026 são esperados 300 mil metros quadrados anuais.
Rio também tem queda de vacância
O Rio de Janeiro também tem tido redução de vacância, mas ela segue bem mais alta do que em São Paulo. Os dados da CBRE mostram que a parcela de imóveis vagos caiu 1 ponto percentual na cidade neste trimestre, na comparação com o terceiro trimestre de 2023, para 28,8%.
Por causa da vacância ainda elevada, a capital fluminense não tem tido grandes novos projetos. Há também, nas áreas mais nobres para escritório, falta de terrenos para construir novos projetos, como no Leblon.
Para ter um produto na região, a gestora HSI comprou a antiga sede da Oi, em 2022, e está fazendo uma reforma (retrofit), para transformá-la em prédio corporativo de alto padrão.
Bruno Greve, diretor de private equity de mercado imobiliário da HSI, diz que no Leblon é possível ter aluguéis tão altos quanto na região da Faria Lima, a mais cara de São Paulo, por causa da falta de oferta.
O prédio, previsto para ser inaugurado em 2026, terá 20 mil metros quadrados de lajes corporativas. “A única alternativa no Leblon é retrofit e é raro ter prédio que reúna as características necessárias”, afirma.
Fonte: Valor Econômico – Por Ana Luiza Tieghi — De São Paulo, 07/10/2024