Não tenha dúvida: a engenharia é uma das profissões mais antigas do mundo! Sempre esteve presente na vida da humanidade, desde os tempos mais longínquos da pré-história e até hoje.
A meu ver é uma das principais e fundamentais profissões existentes, pois sem ela não teríamos alcançado o alto nível de desenvolvimento que temos em tantas outras, como a medicina por exemplo, que atualmente tanto utiliza a robótica, videoconferência e outras tecnologias.
Não obstante, o cenário que vemos no Brasil hoje, em especial no campo da Engenharia, não é dos mais animadores…
O Brasil carece de infraestrutura, e tal constatação, além de estar todos os dias estampada em noticiários, pode ser notada nas ruas todos os dias.
Tal fato se dá em parte em razão de as regulamentações existentes serem insuficientes para que se garanta as melhores obras e serviços para a sociedade, principalmente quando há muitos interesses envolvidos. Exemplo claro disso é a tão conhecida “cultura do mais barato” em relação a licitações públicas que, muitas vezes, são baseadas apenas no menor preço, sem atenção a todos os cuidados exigidos pela legislação (Lei de Licitações 8666/93 e Nova Lei 14133/21 e a própria Lei 5194/66 Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo).
Além disso, não há no Brasil a cultura de manutenção, pois não basta cuidar da execução de obras de artes, empreendimentos, obras de engenharia de infraestrutura (como estradas, viários, saneamento, transporte, energia em geral, equipamentos e o que podemos pensar no contexto), sendo necessário também cuidar da mesma forma da manutenção do já existente.
Para exemplificar, no campo da Engenharia Elétrica são inúmeros os problemas de manutenções, seja em pequenos equipamentos, prédios comerciais e residências, infraestrutura da rede elétrica e outros, que geram vários sinistros com vítimas por todo o Brasil, tais como incêndios em prédios comerciais e residenciais, queda de energia nas concessionárias, apagão de semáforos no trânsito, choques elétricos em postes públicos e outros. Costuma-se dizer, no popular, que o Brasil não pega fogo porque Deus é brasileiro.
E como resolver essa situação?
Com a melhor aplicação da Engenharia, com cobrança de maior seriedade do poder público, e maior fiscalização no âmbito privado, com uma cultura de planejamento, sem que se recorra ao famoso “jeitinho” tão conhecido de todos. É necessário também rigor em relação às manutenções em geral, porque além evitar sinistros, as manutenções preventivas e corretivas, ao final, são mais econômicas do remediar uma situação emergencial e de risco para a sociedade .
Temos, por fim, que evitar as famosas “gambiarras”, atendendo o falso conceito do menor preço a qualquer custo, o que não tem nada a ver com a Engenharia. Precisamos adotar a lógica que “ o menor preço, em regra, não é o melhor preço”.
Sem a devida atenção a tais preceitos tão próprios à Engenharia, resta somente contar com a sorte, o que é um absurdo porque a solução de problemas passa por essa maravilhosa Profissão.
José Elias Fernandes Abul Hiss
Eng. Eletricista e Segurança do Trabalho
Diretor Executivo da APeMEC
Abril de 2022.
APOIO: CREA-SP.